GATO - Tutela, Desapego, Sensualidade
- Sensei Aline Keny
- 31 de dez. de 2021
- 3 min de leitura

GATO
Nome Gaélico: Cat
Palavras-chave: TUTELA, DESAPEGO, SENSUALIDADE
Dom, Qualidade ou Habilidade do Gato
Proteção;
Sensibilidade ao Outro Mundo;
Ligação às Fadas;
Mudança de forma;
Elemento Terra.
O Cat traz-nos a capacidade de observar as situações de forma calma, sem julgamentos, antes de tomarmos decisões. Aparentemente a dormir, mas realmente a escutar, um gato pode ficar sentado horas a fio antes de agir com determinação. Lembremo-nos do ditado: “Um gato pode olhar para um rei”. Temos o direito de conhecer e julgar os assuntos que nos são importantes com o devido tempo.
O gato alia a consciência do mundo do Espírito com uma sensualidade altamente desenvolvida. Estes dois atributos não são opostos polares como os ensinamentos espirituais dualistas nos levam a crer, mas são ambos facetas de um contínuo de consciência e sensibilidade. Trabalhar no sentido de atingir a Plenitude envolve o aumento do nosso apreço por ambos os mundos, físico e não-físico.
Temos de ter o cuidado para não nos transformarmos em um “axen-cat” – um antigo termo inglês que designa o comum gato de lareira, demasiado ocioso para se preocupar com o mundo. Uma sensualidade indolente e egocêntrica, contrariamente a uma abertura do Ser para a magia do mundo físico, é geralmente um escape à realidade. O gato consegue facilmente viajar para o Outro Mundo na sua forma de espírito, mas é importante que mantenhamos os nossos pés bem firmes na terra, na realidade física cotidiana. O interesse no misterioso e no oculto pode por vezes ser desadequado, sobretudo se for usado como uma defesa contra a dor e a dificuldade de estar no mundo.
A TRADIÇÃO DO GATO
Na tradição druídica, o gato quer seja selvagem ou doméstico, é sagrado à Deusa e ao feminino. A capacidade de ver e trabalhar no mundo do espírito faz do gato um aliado ideal para qualquer xamã ou mago, e foi devido ao medo da igreja de tais poderes que muitos milhares de gatos foram torturados e mortos, queimados em cestos de verga, tanto nas Ilhas Britânicas, como na França.
Como criatura da Deusa, o gato era muitas vezes visto como sendo, de certa forma, "impuro". Um ditado tradicional irlandês, diz: “Que Deus salve todos, menos o gato". Considerava-se má sorte quando o primeiro animal que se via no início do ano era um gato. A não ser que fossemos um MacIntosh ou do clã Cattan (cujo chefe se chamava O Grande Gato). E ainda hoje muitas pessoas acreditam que ver um gato preto atravessar o seu caminho traz má sorte. Mas o gato é também designado de “pussy”, um termo em inglês que designa a vulva, o lugar das origens, a Deusa, a sensualidade e o mistério. Do lado de fora de uma caverna-santuário oracular em Clough, em Connaught “um gato preto esguio, reclinado sobre uma cadeira de prata antiga” dava respostas aos que procuravam o seu conselho, e três gatos descritos como “animais druídicos” emergiam da caverna de Chuachan - a entrada para o Submundo.
FOI O GATO DE BRÍGIDA QUE COMEU O BACON
(Ditado Irlandês)
A Deusa Brígida é a deusa dos ferreiros – do fogo e da metalurgia, da poesia, inspiração e cura. Na tradição irlandesa ela é também conhecida como "a filha do urso" e tinha um gato como companheiro.
Um outro conto que nos fala da ferocidade do gato e do seu papel como Guardião pode ser encontrado no conto islandês A Viagem de Maelduin, uma das quatro histórias espirituais intituladas immrama, termo que significa viagens místicas e neste contexto o gato é considerado o Guardião dos Tesouros do Outro Mundo.
O Gato nos ensina o respeito e a cautela. Ele é sensual e aceitará de bom grado o nosso afeto, mas apenas nos seus próprios termos. Ele é orgulhoso, independente e capaz de observar tanto este mundo como o outro. De tempos em tempos, os Cath Sith, os gatos das Fadas, se deixam vislumbrar para nos lembrar da existência do Outro Mundo.
Fonte: O Oráculo Animal dos Druidas – Trabalhando com os Animais Sagrados da Tradição Druídica. Philip e Stephanie Carr-Gomm.
Ilustração da carta por Bill Worthington.
* Gaélico: Grupo de línguas célticas faladas na Irlanda e no Reino Unido.
Relativo ou próprio dos celtas irlandeses e dos bretões (via dicionário: Priberam).
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